PENSAMENTO E ANÁLISE (BLOG)

25/07/2019 05h00

Como retomar o crescimento econômico

Por Luiz Carlos Mendonça de Barros

A aprovação da reforma da Previdência em primeiro turno na Câmara de deputados levou o mercado financeiro – no Brasil e no Exterior – a uma nova precificação dos ativos financeiros brasileiros. A correção mais importante na minha opinião foi a queda do valor do chamado CDS para i nível de países emergentes com o chamado grau de investimentos. Embora a nota das agências de crédito mais importantes seja ainda para o Brasil de uma aplicação especulativa, o CDS é que move o dinheiro de boa parte dos investidores neste mercado.

         O CDS na faixa dos 120 pontos recoloca o Brasil no grupo das economias emergentes mais seguras e deve facilitar a captação de recursos quando os financiamentos dos projetos de privatização da infraestrutura vierem ao mercado na parte final de 2020. Outra correção importante ocorreu nos preços dos títulos de dez anos do Tesouro o que fez com que seus juros saíssem da faixa dos dois dígitos e sejam negociados hoje com uma taxa de 7,25% ao ano.

         Os juros destes títulos servem de base como a taxa de descontos para o cálculo do valor presente de um fluxo de lucros futuros de um projeto privado de investimentos. Uma queda da ordem que já ocorreu é que está por trás da valorização das ações de empresas brasileiras negociadas nas Bolsas de Valores. Estas e outras correções menos importantes na precificação de ativos brasileiros nos seus mercados secundários também terão efeitos positivos em setores como o imobiliário por exemplo.

         Mas esta melhora em termos de expectativas dos investidores em relação ao Brasil não será suficiente para acelerar o crescimento econômico e a redução do escandaloso nível de desemprego que temos na nossa economia. Todas as melhoras citadas acima são condições necessárias para a volta do crescimento, mas não representam a garantia de que isto vá ocorrer. Com o hiato do produto que temos hoje em setores importantes da economia o investimento privado não tem estímulos para se aproveitar dos CDS e dos juros de longo prazo baixos pois não tem certeza de que existirá demanda para seus produtos e serviços.

         Por outro lado, os investimentos na infraestrutura econômica que tem uma dinâmica mais favorável do lado da demanda pois vão substituir equipamentos de baixa qualidade, os projetos associados ao programa de privatização do governo federal só estarão disponíveis no mercado na parte final de 2020.

         Desta forma, o empuxo mais significativo no PIB terá que vir mesmo setor de consumo, embora as condições de demanda também sejam frágeis pelo efeito da redução da massa de salários e elevado endividamento das famílias. Mas aqui temos um problema que terá que ser vencido, pois equipe do ministro Paulo Guedes é totalmente refrataria, por questões ideológicas, a medidas de estímulo ao consumo das famílias. Mas sobre pressão do presidente Bolsonaro eles terão que engolir medidas keynesianas para colocar a economia para andar.

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